Jair Bolsonaro (Foto: Lula Marques/Fotos Públicas)
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Após visitar diversos pontos do Distrito Federal desrespeitando as orientações do Ministério da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) afirmou que estuda editar um decreto liberando o retorno às atividades de trabalhadores formais e informais que precisam “levar sustento” para casa, deixando o isolamento recomendado por autoridades sanitárias.

Bolsonaro voltou a atacar as medidas de isolamento social e disse ter ouvido relatos de trabalhadores informais que passam necessidade pela falta de clientes causada pela redução de demanda em meio à pandemia de covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

“Estou com vontade de baixar um decreto amanhã. Toda e qualquer profissão legalmente existente ou aquela que é voltada para a informalidade, se for necessária para levar sustento para seus filhos, para levar um leite para seus filhos, arroz e feijão para sua casa, vai poder trabalhar”, afirmou.

Perguntado se a medida estava sob estudo no governo, Bolsonaro afirmou que teve “um insight” durante a visita aos trabalhadores informais e que iria ver com os auxiliares se a medida era viável. O presidente não deu detalhes de como a medida seria adotada.

Pela manhã, o presidente esteve em diversos pontos do Distrito Federal, conversando com comerciantes e trabalhadores informais. A comoção gerada pela presença de Bolsonaro provocou aglomerações, o que contraria as orientações do próprio Ministério da Saúde. Ele esteve ainda no HFA (Hospital das Forças Armadas).

Questionado sobre essa agenda, Bolsonaro afirmou que repetirá esse tipo de interação com o público.

“Eu também estou trabalhando. Considero essa minha atividade um serviço. Estou do lado do povo para saber os problemas deles”, argumentou. “Eu estou na linha de frente com meus soldados. Sou general, mas estou na linha de frente. Se tiver que farei de novo, farei”, disse em outro momento.

Bolsonaro diz que vai enfrentar pandemia “como homem, não como moleque”

Demonstrando irritação, Bolsonaro voltou a fazer referência —sem citar nomes— à disputa com governadores como João Doria (PSDB), de São Paulo, e Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro, que vem adotando medidas de interrupção de atividades para conter a propagação do vírus —como fechamento de estabelecimentos comerciais e cancelamento de aulas e em escolas e universidades. O presidente disse que quem estiver “trabalhando de casa” vai ser posto de férias ou demitido se a situação continuar.

“Não podemos tratar esse assunto com demagogia, disputa eleitoral. Tem que tratar com seriedade. Temos que cuidar da vída e do emprego”, disse, antes de emendar. “Vai enfrentar como homem, pô. Não como moleque. Vamos enfrentar o vírus como realidade, todos nós vamos morrer um dia”.

Ele também criticou a decisão da Justiça Federal do Rio de Janeiro, que o proibiu de adotar medidas contra o isolamento social e suspendeu a validade de trechos de dois decretos que classificavam igrejas e casas lotéricas como atividades essenciais, garantindo o funcionamento mesmo com orientações contrárias de estados e municípios.

“Botei [em decreto] também as casas lotéricas, a primeira instância derrubou. Vai começar a guerra de liminares. Tenho certeza que a maioria dos juízes não daria essa liminar. [O juiz que deu] Não tem problema nenhum, o salário cai na conta todo mês”, criticou.

“Tenho que assumir riscos”, diz Bolsonaro sobre medidas

O presidente ainda afirmou que não pode “ficar em cima do muro” ou se preocupar “com o politicamente correto” na gestão da crise do coronavírus. Em diversos momentos da entrevista a repórteres na entrada do Palácio do Alvorada, sua residência oficial, ele disse que apesar “do problema do vírus”, é preciso preservar os empregos.

“Como chefe que sou tenho que assumir riscos, para o bem ou para o mal. Tenho que tomar decisão. Não posso ficar em cima do muro. Não posso me furtar de assumir posições. Eu vou para o meio do povo. Quem me critica não vai. Eu vou porque eu sou povo, estou do lado do povo brasileiro. E assim no meu entender tem que se comportar um chefe de Estado”, afirmou.

UOL

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