Estudiosos tentam desenvolver vacina contra coronavírus. — Foto: CDC/Unsplash
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A Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca anunciaram, nesta segunda-feira (26), que a vacina que estão desenvolvendo contra a Covid-19 induziu “uma forte resposta imune” em idosos durante testes de fase 2 feitos no Reino Unido. Os resultados preliminares dos testes serão publicados “nas próximas semanas” em revista científica, segundo Oxford.

A vacina de Oxford é uma das quatro que passam por testes de fase 3 no Brasil – a última etapa antes que possa ser liberada para uso geral.

No Reino Unido, ela foi testada em pessoas com idades de 56 a 69 anos e em um segundo grupo, com 70 anos ou mais. Os resultados preliminares dos testes foram discutidos pelo pesquisador Andrew Pollard, um dos coordenadores do estudo na universidade, em uma conferência.

Em julho, a universidade já havia divulgado resultados em voluntários mais novos, com idades de 18 a 55 anos de idade.

A fase 2 dos testes de uma vacina verifica a segurança e a capacidade dela de gerar uma resposta do sistema de defesa. Normalmente, ela é feita com centenas de voluntários. Já a fase 1 é feita em dezenas de pessoas, e a 3, em milhares (veja detalhes mais abaixo nesta reportagem).

A AstraZeneca afirmou que o resultado é “encorajador”.

“É encorajador ver que as respostas de imunogenicidade foram semelhantes entre adultos mais velhos e mais jovens e que a reatogenicidade [geração de efeitos adversos] foi menor em adultos mais velhos, nos quais a gravidade da Covid-19 é maior”, disse um porta-voz do laboratório.

Resposta imune

A resposta imune foi vista “em ambas as partes do sistema imune”, segundo Oxford.

As vacinas em testes contra a Covid-19 têm buscado estimular duas respostas do sistema de defesa: uma é a geração de anticorpos que neutralizem o novo coronavírus (Sars-CoV-2), e a outra é a resposta do sistema imune celular, que envolve as células T.

De acordo com Oxford, os ensaios que ainda estão ocorrendo vão fornecer mais dados sobre a vacina, mas o resultado inicial “representa um marco importante e nos garante que a vacina é segura para uso e induz fortes respostas imunológicas em ambas as partes do sistema imunológico em todos os grupos de adultos”.

Morte de voluntário

Na semana passada, um voluntário brasileiro que participou dos testes da vacina morreu de Covid-19. O voluntário, entretanto, não recebeu a vacina que está sendo testada, e sim um placebo (uma substância inativa).

Em testes randomizados (aleatórios), como são feitos os da imunização de Oxford, uma parte dos voluntários recebe a vacina e a outra, um placebo. A determinação de quem vai receber o quê é feita de forma aleatória (como diz o nome). Normalmente, os dois grupos têm a mesma quantidade de participantes (ou números muito próximos).

Além de randomizados, os testes também são feitos com “duplo-cego” – em que nem os pesquisadores, nem os voluntários sabem se receberam ou não a vacina.

O grupo que não recebe a imunização é chamado de “grupo controle”, e serve para que os cientistas possam comparar os resultados vistos nos outros voluntários, que tomaram a vacina de fato.

Como funcionam as 3 fases

Nos testes de uma vacina – normalmente divididos em fase 1, 2, e 3 – os cientistas tentam identificar efeitos adversos graves e se a imunização foi capaz de induzir uma resposta imune, ou seja, uma resposta do sistema de defesa do corpo.

Os testes de fase 1 costumam envolver dezenas de voluntários; os de fase 2, centenas; e os de fase 3, milhares. Essas fases costumam ser conduzidas separadamente, mas, por causa da urgência em achar uma imunização da Covid-19, várias empresas têm realizado mais de uma etapa ao mesmo tempo.

Antes de começar os testes em humanos, as vacinas são testadas em animais – normalmente em camundongos e, depois, em macacos.

G1

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