Trump ao lado dos filhos e da mulher Melania Trump.
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Mesmo com Hillary Clinton apontada como favorita em praticamente todas as pesquisas de intenção de voto e nas projeções feitas por institutos e pela imprensa, Donald Trump foi eleito o 45º presidente dos Estados Unidos. Em seu discurso de vitória, prometeu reunir a nação e reconstruir a infraestrutura do país, dobrando a economia.

“Serei presidente para todos os americanos”, disse. “Trabalhando juntos, vamos começar a tarefa urgente de reunir nossa nação. É isso que quero fazer agora por nosso país”, acrescentou.

Vitória em estados-chave

Trump conquistou vitórias surpreendentes sobre Hillary em estados-chave para a definição, abrindo o caminho para a Casa Branca e abalando os mercados globais que contavam com uma vitória da democrata.

A maré começou a virar a favor de Trump após as vitórias na Flórida, Carolina do Norte, Ohio e Iowa. Ele ainda se tornou o primeiro candidato de seu partido a ganhar na Pensilvânia desde que George H. W. Bush o fez em 1988.

Quando entrou o número de delegados do estado de Wisconsin na conta da AP, Trump alcançou 276 delegados, ultrapassando o limite de 270 necessários para ser o vencedor no Colégio Eleitoral.

Azarão

De temperamento explosivo e sem experiência política anterior, o bilionário republicano de 70 anos superou todos os prognósticos e se impôs como um forte adversário.

Começou a disputa como azarão, concorrendo com diversos outros pré-candidatos republicanos pela indicação do partido e com muitos analistas duvidando que ele pudesse alcançar a nomeação.

Com discursos centrados nas frustrações e inseguranças dos americanos num mundo em mutação, tornou-se a voz da mudança para milhões deles.

Nascido em 14 de junho de 1946 no bairro nova-iorquino do Queens, Trump é o quarto dos cinco filhos de Fred Trump, um construtor de origem alemã, e Mary MacLeod, uma dona de casa de procedência escocesa. É casado, pela terceira vez, com a ex-modelo eslovena Melania Trump. Tem cinco filhos e seis netos.

Empresário

Graduou-se em 1964 na Academia Militar de Nova York, onde alcançou a patente de capitão e vislumbrava seu destino: “Um dia, serei muito famoso”, comentou então ao cadete Jeff Ortenau. Formou-se em Economia na Escola Wharton da Universidade da Pensilvânia e em 1971 assumiu as rédeas da empresa familiar, Elisabeth Trump & Son, dedicada ao aluguel de imóveis de classe média nos bairros nova-iorquinos de Brooklyn, Queens e Staten Island.

Optou por construir torres luxuosas, hotéis, casinos e campos de golfe. Já nos anos 1980, tinha em construção diversos empreendimentos na cidade, incluindo a Trump tower, o Trump Plaza, além de cassinos em Atlantic City, em Nova Jersey.

Trump gosta de dizer que começou seus próprios negócios modestamente, com “um pequeno empréstimo de US$ 1 milhão” de seu pai.

Em 1996, comprou os direitos dos concursos Miss USA, Miss Universo e Miss Teen, tornando-se seu produtor executivo. Oito anos mais tarde, tornaria-se figura pública ainda mais conhecida ao virar apresentador do programa “The Apprentice”, em que tinha o poder de demitir os participantes.

Denúncias de assédio

campanha eleitoral de 2016 foi considerada uma das mais sujas da história, com acusações e bate bocas entre os dois principais candidatos e na qual mais se falou de defeitos dos concorrentes do que de propostas para o país.

Uma das maiores polêmicas envolvendo Trump foram as denúncias de assédio sexual por mulheres. Algumas relatam que o republicano as beijaram a força, outras dizem que ele colocou as mãos por baixo de suas saias, para tocá-las.

Seis casos foram divulgados após o jornal “Washington Post” divulgar um vídeo em que Trump faz comentários sobre como apalpa mulheres sem seu consentimento. Na gravação, o candidato usa termos vulgares para se referir a mulheres.

O caso gerou mais críticas e retiradas de apoio ao candidato, inclusive por parte de republicanos, e fez com que grandes doadores de sua campanha pedissem o dinheiro de volta. Trump nega todas as alegações.

Muro no México

Sua postura em relação à imigração também repercutiu em todo o mundo. Ele defendeu a construção de um muro na fronteira com o México para impedir a entrada de imigrantes nos EUA. No dia em que apresentou sua candidatura, ele disse:

“Quando o México manda gente para os EUA, eles não estão mandando os melhores… eles estão mandando pessoas que têm muitos problemas e estão trazendo esses problemas para nós. Eles estão trazendo drogas, estão trazendo crime, estão trazendo estupradores, e, alguns, presumo, são boas pessoas”.

Trump prometeu ainda banir os muçulmanos e expulsar todos os imigrantes ilegais que já estão nos EUA, cerca de 11 milhões de pessoas, afirmando que aqueles que comprovarem ser “boas pessoas” serão aceitos de volta de forma legal.

Outras propostas feitas pelo republicano foram o fim do Obamacare, o aumento dos impostos de empresas que deixarem o país e a ampliação dos poderes dos donos de armas que querem se defender. Veja mais propostas aqui.

Impostos

Os impostos de Trump se tornaram um grande tema da campanha depois que o jornal “New York Times” divulgou parte do seu imposto de renda de 1995 e estimou que Trump provavelmente não pagou impostos por vários anos. O empresário celebridade do setor imobiliário, que é o primeiro candidato em décadas a se recusar a divulgar o seu imposto de renda, não negou a reportagem. Mais tarde, ele disse que tinha “usado brilhantemente” o sistema fiscal norte-americano a seu favor.

Antes disso, durante o primeiro debate presidencial com Hillary, ao responder às acusações dela sobre não pagar impostos federais, o empresário disse que isso o faria “esperto”.

Suas declarações e propostas provocaram um mal-estar entre políticos republicanos e um racha no Partido.

Apesar de afirmar ter US$ 10 bilhões, sua fortuna foi estimada em US$ 4,5 bilhões pela Forbes.

Polêmicas de Hillary

Hillary também esteve envolvida em polêmicas. Ela foi alvo de uma investigação pelo FBI por ter usado, quando era secretária de Estado entre 2009 e 2013, de um servidor privado de e-mails, e não dos sistemas do governo. Em julho de 2015, após um ano de investigação, o chefe do FBI James Comey acusou Hillary Clinton de ser “extremamente descuidada”, mas não fez acusações contra ela, o que irritou os republicanos.

Recentemente, Comey anunciou que o órgão encontrou novos e-mails de Hillary e que reabriria a investigação. O novo anúncio fez com que os e-mails de Hillary voltassem a ser foco das eleições e provocou críticas, inclusive da candidata democrata, que disse que sua decisão de anunciar a investigação era “extremamente problemática”. Os democratas disseram que o anúncio se baseou em insinuações, já que o conteúdo dos e-mails não foi revelado. No entanto, dias depois, Comey disse que os novos e-mails não vão levar a candidata a ser indiciada.

Outra polêmica veio à tona após um vazamento de e-mails do Partido Democrata pelo Wikileaks, que indicou que mensagens trocadas antes das prévias eleitorais supostamente mostravam integrantes do partido falando sobre estratégias para Hillary vencer Bernie Sanders, senador por Vermont que enfrentou a ex-secretária de Estado nas primárias.

A equipe de campanha de Hillary tentou desviar a atenção sobre os esforços contra Sanders, sugerindo que o ciberataque, e a publicação dos e-mails, poderia ter sido ordenada por Moscou para favorecer Donald Trump. O escândalo complicou os planos da Convenção Nacional Democrata, na qual Hillary pretendia passar uma imagem de união do partido em torno de sua candidatura.

Pressionada por Sanders, a então presidente do Partido Democrata, Debbie Wasserman Schultz, renunciou ao cargo.

Baixo nível da campanha

Trump chamou Hillary de “nasty woman” (mulher repugnante ou mulher nojenta) e disse que se fosse eleito prenderia a democrata, que acusou de ser mentirosa e corrupta. Em um comício, sugeriu que a candidata se drogava antes dos debates. Ao ser questionado em um debate se iria aceitar o resultado da eleição, independente de qual seja, Trump disse iria “olhar isso na hora”, reafirmando sua teoria de que há fraudes no processo eleitoral americano e acusando a imprensa de desonestidade. Depois, durante um comício, disse que reconheceria o resultado “se ganhar”. Nos EUA, é de praxe que o candidato derrotado reconheça a derrota.

Hillary chamou os eleitores de Trump de “deploráveis”, e depois disse que se arrependeu. Em outra ocasião disse que o republicano chora “lágrimas de crocodilo”. Também acusou Trump de ser marionete de Vladimir Putin e provocou o republicano ao dizer que ele é tão saudável quanto o cavalo que o presidente russo monta.

G1

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