Maria das Neves Ferreira Ayres foi uma das tradicionais parteiras da cidade de Patos, tendo sido responsável pelo nascimento de mais de quatro mil crianças, a maioria na residência humilde das parturientes, além do trabalho que desenvolveu, a partir da instalação das casas de saúde especializadas.
Os desígnios do destino lhe impuseram um momento cruel e, ao mesmo tempo, lhe mostraram os caminhos da vocação: com 22 dias de casada, teve o marido assassinado e, estando grávida, foi internada no recém-inaugurado Hospital Regional de Patos, onde passou de observadora a integrante da equipe, permanecendo por uma década. Depois, substituiria, na Maternidade Dr. Peregrino Filho, uma das pioneiras, onde adquiriria experiência na função, que também passou a desenvolver nas residências pobres. “Eu fazia o parto, dava o dinheiro do leite e levava uma água inglesa que possuía a medicação que expulsava as placentas e evitava as infecções e necessidade de curetagem. Além dos bairros mais afastados, me dirigia constantemente para a zona rural, inclusive a pé, para atender as futuras mães”, declarou.
Ela conta que durante 30 anos nessa missão teve, inclusive, o respeito dos bandidos que vinham buscá-la na necessidade das esposas e depois a traziam de volta para casa. Também relembra alguns momentos de aflição, quando recorria aos médicos tradicionais de Patos: Olavo Nóbrega, Lauro Queiroz, dentre outros. Hoje, aos 80 anos, lúcida e dona de sua própria casa, depois de um segundo casamento e mais duas filhas, vive as lembranças e, com saudade, relembra o tempo em que atuou na área de saúde, período em que os partos eram missão específica das parteiras. Dona Neves Parteira, como tornou-se conhecida, ainda hoje é consultada sobre procedimentos a serem seguidos pelas parturientes.
PBAgora