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Poeta popular Epitácio Januário (Pipi Santos).

Na comunidade Vila Nova, conhecida como Cangote do Urubu, em Patos, vive o poeta popular Epitácio Januário dos Santos, que assina seus versos como Pipi Santos.

Pipi Santos tem 72 anos e pouco estudo, mas gosta de escrever e já lançou mais de 60 cordéis, sempre abordando questões da cidade de Patos, principalmente os fatos engraçados que envolvem a cidade.

 

Cordel de Pipi Santos

Um dos fatos narrados por ele é a história da Galinha Rafinha, uma galinha que era o animal de estimação de uma senhora do Belo Horizonte, em Patos, e que foi roubada e posteriormente, morta, causando muita tristeza em sua dona.

A mídia local deu ampla cobertura ao fato e o Humorista Tatu, que lançou uma música sobre a galinha (ouça aqui), acabou organizando um enterro simbólico da galinha Rafinha e isso ganhou repercussão nacional, através do programa de humor Pânico, da TV Bandeirantes. Veja:  Galinha Rafinha na Band.

Inusitado, pitoresco, seja o que for, o fato é que o episódio da galinha Rafinha até hoje é lembrado em Patos.

Veja os versos do poeta Pipi Santos:

 

A HISTÓRIA DA GALINHA RAFINHA,

Peço licença a vocês

Pra falar no acontecido

Que vi na televisão

Eu nunca tinha assistido

O enterro duma galinha

Que se chamava Rafinha

Que quase dá um moído

 

Minha gente é um fim de mundo

Quem foi que já viu falar

De morrer um bicho bruto

E no cemitério enterrar

Foi na cidade de Patos

Onde aconteceu tais fatos

Uma história de lascar

 

No bairro Belo Horizonte

Na Rua Panatis se deu

Na casa de Genecira

Onde a galinha viveu

Desde quando era pintinha

Esse nome de Rafinha

A sua dona lhe deu

 

Chegando lá bem pequena

Por todos foi recebida

A sua dona lhe tratava

Com água e boa comida

Suzana e a irmã lhe tratava

Na casa que ela morava

Levava uma boa vida

 

Essa galinha era

Da raça gogó de sola

Usava laço e vestido

Sapato, meia e sacola

Fazia có-có-có-có-có

Pois não sabia dum ó

Porque não foi pra escola

 

Comia ração da boa

Nunca entrou num chiqueiro

Não era igual as outras

Que só dorme no poleiro

Tinha cama pra dormir

E lençol pra se cobrir

Debaixo dum mosquiteiro

 

Tinha uma vida de rainha

Vivia bem sossegada

Cantava muito contente

Rebolando na calçada

Foi não-foi se entristecia

Frango lá não aparecia

Pra dar uma namorada

 

Sua dona lhe tratava

Como se fosse da família

Quem já viu uma galinha

Usar meia e sapatilha

Esmalte pra pintar unha

Andando sem cerimônia

De batom e gargantilha

 

Nem mesmo a minha mulher

Nunca foi tratada assim

Só vive lavando roupa

E cozinhando pra mim

Com as unhas cheias de grude

Lhe dá luxo eu nunca pude

Mesmo assim gosta de mim

 

Genecira e Suzana

A procura da galinha

Que tanto se rebolava

No terreiro da vizinha

Já perderam a esperança

Só resta como lembrança

Os pertences da Rafinha

 

Procurou por todo canto

Mais só as penas encontrou

Porque sumiu a Rafinha

Alguém levou e matou

Logo chegou a imprensa

A dona pediu clemência

E a TV logo filmou

 

Combinaram com a dona

Para a galinha sepultar

Arrumaram um caixão

E foram pro cemitério enterrar

Procuraram o coveiro

A polícia chegou primeiro

E mandou se retirar

 

Até o prefeito da cidade

Se apresentou no local

O funeral foi interrompido

E Suzana passou mal

Dispensaram toda gente

Levaram a mulher doente

Ligeiro pro hospital

 

Suzana ficou doente

Pois Rafinha foi pra panela

Pra servir de tira-gosto

A asa, o pescoço e a moela

Rafinha ficou com fama

A sua dona reclama

Não acha outra como ela

 

O humorista Tatu

Foi quem inventou este drama

Do enterro da Galinha

Transformando ela em dama

Tá rolando um comentário

De fazer um inventário

Pra Tatu herdar a cama

 

Santo Deus misericórdia

A coisa está mudada

Nunca vi morrer galinha

E ter que ser enterrada

Esse mundo não tá certo

O fim do mundo está perto

Porque a vida está errada.  (Pipi Santos)

 

Folha Patoense – folhapatoense@gmail.com

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