Muitos podem estranhar incluir formiga na alimentação, mas para a família Teixeira, da cidade de Ubajara, na Serra de Ibiapaba, noroeste cearense, comer tanajura é tradição passada de pai para filho.
A tanajura ou içá é uma formiga mais volumosa que as demais e é apreciada como iguaria na região da Serra de Ibiapaba, em especial, na época de chuvas quando se torna mais comum, segundo a pesquisadora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Cristiane Coutinho.
Para o empresário Antônio Luís, a tanajura lembra a infância. “A gente foi crescendo sempre com essa cultura. E hoje o pessoal me conhece eu aqui como o maior comprador de tanajura da Serra de Ibiapaba. E realmente eu compro a que tiver”, diz.
Josué Teixeira, filho do empresário, já incluiu a iguaria nas refeições.”Desde pequeno eu acompanhava meus pais ao formigueiro. Quando eles faziam a tanajura eu comia uma, duas, ai, hoje sou viciado”, diz.
Só nessa safra, a família adquiriu 100 quilos de tanajura. Antônio afirma que apesar do número parecer grande ele sempre faz uma economia para que não falte a iguaria em casa. “Para quem gosta não é muito não. A gente faz tipo uma economia para durar o ano todo”, conta.
Um dos segredos do sucesso do prato na família é o preparo. A empresária Ednálva Teixeira tempera com água e sal, e depois, frita. É a forma mais tradicional de fazer, segundo ela. ”Mas tem gente que faz com manteiga, alho, pimenta. Eu gosto de comer quase em natura mesmo”, fala.
A pesquisadora Cristiane afirma que não há relatos de prejuízos à saúde relacionados à ingestão deste tipo de formiga. Cristiane compõe um grupo da UFC que estuda a inclusão de insetos no consumo alimentar humano. Segundo ela, o hábito de comer a tanajura foi herdado de índios.
