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A patoense Iraquitânia da Nóbrega Andrade, de 40 anos, quando residia em Patos atuava como professora de Geografia na rede estadual de ensino.

Com o marido Xavier Tianeque.

Em 2012, ela conheceu o moçambicano Xavier Tianeque pelas redes sociais. Os dois mantiveram contato durante muito tempo até que ele resolveu vir a Patos conhecê-la pessoalmente. Iniciaram um namoro e depois foi a vez dela viajar a Moçambique.

Eles se casaram em 2016 e residem hoje na cidade de Nampula, província na região norte do país. Iraquitânia trabalha com o marido, que é empresário na IRAX,  empresa que atua no ramo de equipamentos  de fotocopiadoras e consultoria técnica e científica, e é formado em Teologia Reformada na Faculdade FITREF – EUA. O casal realiza um trabalho eclesiástico na região onde vive.

Iraquitânia está em processo de adaptação com o país. “Há muitas diferenças na cultura moçambicana, cada região tem seus aspectos culturais distintos entre si. Eu convivo onde predomina o Macua, modo de viver caracterizado por rituais, diferentes crenças religiosas, dialeto Emacua, que é o mais falado do país, e estou aos poucos me adaptando, embora sinta saudades do convívio familiar no Brasil”, disse a professora.

Na Copa do Mundo da Rússia, segundo ela, os moçambicanos torceram mais pelo Brasil do que por qualquer outra seleção e isso em função das afinidades entre os dois países, inclusive de idioma, pois o Português é a língua oficial do país.

Além do idioma, a professora diz que há outras afinidades com o Brasil, como as músicas, que são muito tocadas nas emissoras, e as telenovelas da Globo, que são exibidas na televisão moçambicana. Indagada sobre como a população local vê o Brasil, ela diz que “alguns veem no Brasil um país onde vão ficar ricos, outros abordam a violência e uso abusivo de drogas, outros veem uma oportunidade para estudar”.

No tocante à alimentação a professora disse que há muito mais semelhanças do que diferenças, contudo existem alguns pratos típicos da culinária moçambicana, como o xima de milho; a caracata de mandioca (parecida com a nossa polenta); o matapa (feito de folhas de feijão/abóbora ou mandioca), dentre outras peculiaridades da culinária moçambicana.

Iraquitânia e seu esposo andam bastante pela região em seu trabalho evangélico, que segue a linha reformada, contrário à tendência do país, que segue a linha pentecostal, neopentecostal e carismático. Metade da população moçambicana é muçulmana. “Temos muitos desafios e tabus a serem quebrados, principalmente porque na cidade não existe Igreja Reformada. Temos projetos futuros de inserir uma Igreja Bíblica na cidade de Nampula, onde moramos, pois criamos um projeto inicial denominado de SBC- LTDA (Sociedade Biblioteca Cristã)”, disse a professora.

Apesar de ter ido morar em Moçambique em 2016, ano em que se casou, sua vivência e experiência no país ainda é mais recente, pois em setembro daquele ano, logo após casar, ela necessitou  retornar à Paraíba para cuidar de um irmão que sofreu um traumatismo craniano em um acidente, e passou 11 meses entre João Pessoa e Patos, cuidando desse irmão, que é professor de línguas. Esse irmão ainda está em processo de recuperação.

No trabalho missionário nas comunidades a professora patoense convive com reis, que são os chefes de tribos tradicionais, e vai desvendando cada vez mais o país, conhecendo as virtudes dos moçambicanos, seus problemas sociais, e se apaixonando por essa realidade que, em alguns aspectos, segundo ela, não é tão diferente da vivenciada no Brasil. “Eu me sinto privilegiada por ter sido acolhida com tanto amor, carinho e respeito por esse povo tão determinado e hospitaleiro”, finalizou a professora Iraquitânia.

Folha Patoense – folhapatoense@gmail.com

 

 

 

 

 

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