Depois de saberem da morte da filha na Nicarágua, os pais da brasileira Rayneia Lima, de 30 anos, lamentaram a perda e, em meio ao luto, tentam organizar o transporte do corpo da médica, natural de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata, até o Brasil.
Mãe de Rayneia, a aposentada Maria Costa afirma ter falado pela última vez com a filha na manhã da segunda (23). “Ela me disse que estava indo para o plantão e me dizia sempre que lá estava muito perigoso, que ninguém estava saindo na rua. Hoje de manhã o ex-sogro me ligou dizendo o que tinha acontecido”, contou ao G1, nesta terça-feira (24).
No país desde 2013, a brasileira se preparava para voltar ao Brasil em 2019, segundo a mãe. “Ela tinha acabado a faculdade e estava fazendo residência. Estava indo para o plantão quando falou comigo, era uma moça estudiosa e esforçada”, lamenta a mãe.
Sem ter notícias oficiais sobre a morte da filha até o fim da manhã desta terça (24), Maria Costa deseja que os fatos sobre o assassinato da filha sejam esclarecidos. “Tiraram da rua o carro em que ela estava quando foi baleada. Eu quero que quem matou a minha filha seja punido. Seja o presidente, seja quem for”, afirma a mãe.
Pai de Rayneia, o motorista Ridevando Pereira não mantinha tanto contato com a filha, mas sabia e aguardava a possível vinda da estudante para o Brasil em 2019. “Ela estava lá somente para estudar. Era uma menina muito estudiosa e estava terminando os estudos para voltar”, conta.
Entenda o caso
Segundo Ernesto Medina, reitor da Universidade Americana em Manágua (UAM), onde a jovem estudava, a morte foi confirmada nesta terça-feira (24). Em nota, o Itamaraty disse que busca esclarecimentos junto ao governo nicaraguense.
O assassinato da estudante brasileira ocorreu horas depois de Medina participar de um fórum no qual disse que o crescimento econômico e a segurança na Nicarágua antes da explosão dos protestos contra o presidente Ortega em abril “era parte de uma farsa” porque “nunca houve um plano que acabasse com a pobreza e a injustiça”.
Para Medina, a morte de Rayneia é um sinal do que está acontecendo na Nicarágua e contradiz o que Ortega disse em entrevista a uma rede de televisão sobre a paz no país.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) responsabilizaram o governo da Nicarágua por “assassinatos, execuções extrajudiciais, maus tratos, possíveis atos de tortura e prisões arbitrárias”.
A Nicarágua está imersa na crise mais sangrenta da história do país em tempos de paz e a mais forte desde a década de 80, quando Ortega também foi presidente (1985-1990).