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Desde que nossos telescópios começaram a descobrir uma enorme quantidade de asteroides próximos à Terra, percebemos o quão vulnerável estamos em nosso cantinho do Sistema Solar. Especialmente nas últimas décadas quando a tecnologia, cada vez mais avançada, tem nos permitindo enxergar asteroides de poucos metros de diâmetro se aproximando da Terra.

Asteroides próximos à Terra conhecidos em 2015

Entretanto, a mais nova preocupação que veio do espaço e atingiu em cheio os portais de notícia de todo o mundo é o Asteroide 52768 (ou 1998 OR2), um asteroide gigantesco, que foi descoberto em 1998, mas que não deveria ser fonte de preocupação, o que explicaremos a seguir.

De fato, o Asteroide 52768 pertence a uma classe de objetos chamados de NEOs, ou seja, objetos próximos à Terra, e ainda é classificado também como PHA, um asteroide potencialmente perigoso. Pela definição da União Astronômica Internacional (IAU), devem ser classificados como PHA todos os objetos que se aproximem da Terra a menos que 7,5 milhões de Km e que tenham potencial para causar danos regionais significativos em caso de impacto, o que ocorre com asteroides maiores que 140 metros.
Tamanho estimado do Asteroide 52768 sobre a Cidade de São Paulo

O Asteroide 52768 recebe a designação de PHA porque pode se aproximar a cerca de 2 milhões de Km da Terra e além disso, possui um diâmetro estimado em 3 Km, o que poderia causar um evento semelhante à extinção dos dinossauros em caso de impacto. Mas sabemos que isso não vai acontecer.

Asteroides potencialmente perigosos precisam ser monitorados constantemente para que possamos perceber qualquer alteração em sua órbita que possa representar algum risco de impacto no futuro. Mas é só isso. Ser classificado como PHA não significa que o objeto pode se chocar com a Terra a qualquer momento.
Órbita do Asteroide 52768 – Fonte: MPC

No caso do Asteroide 52768, ele já tem uma órbita bem determinada e é certo que sua aproximação da Terra em 29 de abril será a mais de 6 milhões de Km de distância. Muita gente acha que “em distâncias astronômicas, 6 milhões de Km é muito próximo”. De fato, seria muito próximo se estivéssemos falando de uma estrela ou de um planeta. No caso de um asteroide, mesmo com 3 Km de diâmetro, é uma distância enorme. Se fôssemos considerar 6 milhões de Km próximo, teríamos que considerar que a Lua, que é bem maior e está a menos de 400 mil Km de distância, está “raspando a Terra”. E teríamos que considerar também que passou perto aquele pênalti do Baggio na final de 1994 ou aquele do Elano nas quartas-de-final da Copa América de 2011.

Para medir o risco de impacto de um asteroide com a Terra, existem as escalas de classificação de risco, e nas escalas de Turim e de Palermo (as escalas utilizadas pela IAU), o Asteroide 52768 sequer possui classificação, o que significa que a chance dele impactar a Terra no próximo século, é zero.

Ok, você está quase convencido que o 52768 não vai impactar a Terra, mas há algum problema em se preocupar com ele? Na prática não. Desde que você não doe seus bens, rasgue suas roupas e saia pelas ruas anunciando que o fim está próximo, não há problema em se preocupar com algo que não vai acontecer. A não ser pelo fato que talvez você esteja desperdiçando sua preocupação com o asteroide errado, e não com aquele que irá de fato atingir a Terra e trazer problemas para a humanidade.

Que asteroide é esse? Ninguém sabe. É um asteroide que ainda precisamos descobrir e para isso, precisamos de muitas observações e muito trabalho de conscientização para convencer as autoridades a investir mais nessa ciência. Precisamos descobrir o asteroide antes que ele encontre a gente. Falando nisso, você já ouviu falar do Asteroid Day?

Com informações de AstroNeosApolo11CNEOS MPC

Veja os vídeos:

https://www.youtube.com/watch?v=fpbkRApq9qY&feature=emb_logo

Marcelo Zurita – (83) 99926-1152
APA – Associação Paraibana de Astronomia
BRAMON – Rede Brasileira de Observação de Meteoros
Asteroid Day Brasil – Coordenação Regional Nordeste
SAB – Sociedade Astronômica Brasileira
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