(Foto: Reprodução/AssessoriaDnit)
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O Laboratório de Estudos e Gestão de Águas e Território, vinculado ao Departamento de Geociências da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), criou um serviço de produção e divulgação de mapas e dados com a espacialização e a evolução dos casos oficiais da Covid-19 na Paraíba.

Laboratório de Estudos e Gestão de Águas e Território, coordenado pelo professor Pedro Vianna, acompanha evolução da doença com mapas. O divulgado neste domingo (17) registrou 194 óbitos na Paraíba. Crédito: Francisco Segundo Neto/Maria Cecilia Silva/Thiago Farias/Arthur Santos

A análise dos dados mostra que, na Paraíba, o vírus se difundiu do leste para o oeste e, diferente do que ocorreu no planeta, em que o vírus se expandiu por meio do transporte aéreo, no estado, esse deslocamento se deu pela malha rodoviária, principalmente a BR-230, explica o professor Pedro Vianna. Já os polos regionais ao longo da BR-230, como Campina Grande, Patos, Sousa e Cajazeiras, tornaram-se novos centros de disseminação, em caráter regional.

A execução do mapa está sob a responsabilidade de alunos de graduação, mestrado e doutorado do Programa de Pós-graduação em Geografia da UFPB. O trabalho vem sendo desenvolvido desde o dia 2 de abril. Uma parte das atualizações é feita por rotinas automáticas que buscam e capturam dados de sites oficiais do governo federal e da Paraíba, principalmente os dos boletins da Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba.

Esses dados são então filtrados, analisados e inseridos em ambiente de Sistema de Informação Geográfica (SIG) para a geração dos mapas. O último, disponibilizado neste domingo (17), registra 194 óbitos, 11 a mais do que no mapa do sábado (16), que contabilizava 183 óbitos.

Segundo análise do professor Pedro Vianna, a falha no acompanhamento dos primeiros casos, com a ausência de exames, não permite saber se o principal meio de entrada do vírus na região de João Pessoa foi pela via aérea, originário de São Paulo ou de Brasília, ou pela BR-101, vindo da região metropolitana de Recife (PE).

Conforme a análise do professor, a região de João Pessoa expandiu o vírus pelo seu entorno e se tornou uma vasta zona de contágio, contribuindo para isso sua morfologia urbana, com aglomeração urbana com alta densidade populacional.

De acordo com os estudos, há mais de 80 favelas na capital. O alto grau de verticalização nas zonas de classe média e alta do litoral obriga o uso de áreas comuns como elevadores, relevantes na disseminação do vírus.

Outros fatores que colaboram para a propagação da doença, na avaliação do professor Pedro Vianna, são a estrutura interna da rede de distribuição de serviços e mercadorias, principalmente a de alimentos, ainda fortemente marcada pela presença de mercados municipais e feiras livres em diversos bairros, quebrando o distanciamento social.

Outro problema é a disponibilidade hídrica. Em zonas que não são atendidas por rede de água tratada, as pessoas não têm como fazer a higienização para prevenir o contágio.

O professor Pedro Vianna explica que, com a suspensão das atividades presenciais, o conhecimento técnico de Geotecnologia, uma das linhas de trabalho do laboratório, que normalmente é destinado à análise sobre os recursos hídricos, foi aplicado para acompanhar a crise da saúde.

Ele entende que o trabalho diário para produção dos mapas é mais um esforço da UFPB no enfrentamento da Covid-19. Ao mesmo tempo, mantém os discentes em atividade, usando as ferramentas de Geotecnologia. “O objetivo do mapa é fornecer um acompanhamento ao Governo do Estado da evolução espacial, como o vírus se espalhou”, frisa o professor.

Os mapas são elaborados pelos estudantes Francisco Segundo Neto (doutorado), Maria Cecilia Silva (doutorado), Thiago Farias (mestrado) e Arthur Santos (graduação).

Texto: Aline Lins | Edição: Pedro Paz – ufpb.br

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