Um novo estudo sobre análises e estatísticas do Laboratório de Inteligência Artificial e Macroeconomia Computacional (LABIMEC), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), levando em consideração o seu último boletim epidemiológico, detalha o processo de interiorização da Covid-19 na Paraíba, alertando para um possível colapso na rede de saúde no Agreste e Sertão do Estado devido a insuficiência de leitos relativos a demanda de casos nas regiões.
“Deve-se atentar que os novos casos no Estados, antes concentrados em João Pessoa, agora passaram a acontecer em cidades do interior. Percebe-se que há um processo de interiorização do vírus no Estado, com destaque para as cidades: João Pessoa, Cabedelo, Santa Rita, Guarariba, Campina Grande e Patos“, diz trecho.
Para para evidenciar o disseminação rápida e interiorização, quanto a falta de estrutura hospitalar, o estudo propõe as seguintes evidências:
– Análise da variação na quantidade de cidades que confirmaram seu primeiro casos da Covid-19;
– Análise da participação dos novos casos confirmados dos 6 municípios mais afetados em relação aos novos casos de João Pessoas (epicentro da Covid-19 no Estado);
– Análise da participação das regiões metropolitana de João Pessoa em relação ao resto dos municípios do estado e das zonas metropolitana de Campina Grande e Patos.
No intervalo de uma semana, segundo levantamento, usando dados divulgados pela Secretária de Estado da Saúde (SES-PB), o estudo apontou que 36 novos municípios foram acometidos pelo coronavírus, onde a parte alarmante desse dado deve-se ao fato de boa parte dos municípios não terem a infraestrutura hospitalar para lidar com casos moderados e graves, e naturalmente, surgirão fluxos de pacientes para os hospitais referências e, como forma preventiva, cidades como João Pessoa, Campina Grande, Patos e Cajazeiras devem não só comportar seus pacientes residentes, como também os não residentes.
Dessa forma, um possível colapso na rede hospitalar se torna evidente, levando em consideração que a taxa de ocupação de leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) em todo o estado é de 74%, segundo o boletim da SES divulgado nesse domingo (24). Se recortado, trazendo para perto do epicentro, que a é região metropolitana de João Pessoa, cidade essa que possuí a maior estrutura hospitalar da Paraíba, a taxa de ocupação de leitos é de 89%.
Análise Perfil dos Óbitos
Um perfil foi construído a partir dos dados dos óbitos do coronavírus no Estado quanto ao último boletim, onde foi possível verificar que 62,7% das vítimas tinham mais de 60 anos e 73,6% tinham pelo menos 1 comorbidade. As vítimas estão distribuída em 41,7% mulheres e 58,3% em homens.
A média de idade foi 64,5 anos, próximo ao patamar da semana passada. Algumas informações novas foram adicionadas nas comorbidades: doenças neurológicas e obesidade.
Dentre as comorbidades mais comuns, destaca-se, em ordem decrescente: hipertensão (31,4%), diabetes (30,5%), cardíacos (19,1%), obesidade (8,2%), doenças neurológicas (5,9%) e fumantes (3,2%). O tempo médio de início de sintomas até o óbito manteve-se em 11 dias, dentro do observado em outros países.
Cidades com confirmação do 1º caso da Covid-19
Para o levantamento desses dados o estudo analisou a quantidade de cidades no Estado da Paraíba que já confirmaram seu 1º caso de Covid-19, usando as semanas de referência. No espaço temporal de 1 semana, 36 novos municípios foram acometidos pelo coronavírus, a parte alarmante desse dado deve-se ao fato de boa parte dos municípios não terem a infraestrutura hospitalar para lidar com casos moderados e graves, naturalmente, surgirão fluxos de pacientes para os hospitais referências e, como forma preventiva, cidades como João Pessoa, Campina Grande, Patos e Cajazeiras devem não só comportar seus pacientes residentes, como também os não residentes. Mapear a trajetória, ritmo e concentração espacial do vírus é uma ferramenta poderosa no auxílio do processo decisório.
Participação dos municípios no novos casos do Estado
Enquanto João Pessoa encontra-se num processo de redução de sua participação de seus novos casos, onde já chegou a ser responsável por mais 80% dos casos do Estado e hoje encontra-se em torno de 30%, todos outros municípios apresentam uma forte oscilação. Campina Grande em destaque, para os dados mais recentes, representou cerca 20% dos novos casos da Paraíba. Patos e Santa Rita parecem estar estabilizando a quantidade de novos casos para as datas mais recentes.
Isolamento Social nas regiões metropolitanas da Paraíba
Região metropolitana de João Pessoa – Relativo a essa região, o estudo aponta que todas as cidades estão longe de atingir o nível ideal de isolamento (70% segundo a OMS). As cidades de Caaporã (43%), Santa Rita (45%) e Alhandra (45%) se destacam com os menores índices de isolamento social.
As cidades com os maiores níveis de isolamento são: Cabedelo (50%), Pitimbu (49%) e Lucena (49%). A cidades de Bayeux, Cruz do Espírito Santo, João Pessoa, Pedras de Fogo, Conde e Rio Tinto, ficaram os índices de 46%, 46%, 47%, 47%, 48% e 48%, respectivamente.
Região Metropolitana de Campina Grande – Ao observar essa região, nota-se que as cidades de Boqueirão, Caturité, Alcantil são as cidades que menos cumprem com o isolamento social, estas tem os índices de 37%, 39% e 39%, respectivamente.
As cidades que se destacam positivamente em relação ao isolamento são: Santa Cecília, Umbuzeiro e Serra Redonda com 54%, 52% e 51%, respectivamente. No entanto, todas as cidades ainda estão abaixo do nível de isolamento.
Região metropolitana de Patos – Em Patos vemos as cidades de Teixeira, Santa Luzia e Salgadinho com os piores índices de isolamento, sendo estes de 39%, 41% e 42%, respectivamente.
As cidades que se destacam com os melhores índices de isolamento social são: Condado (51%), Junco do Seridó (50%) e São Mamede (50%). As cidades de Santa Teresinha, Malta, São José do Sabugi, Maturéia e Desterro apresentaram índices de isolamento de 43%, 46%, 46%, 46% e 47%, respectivamente.
Região metropolitana de Cajazeiras – Nessa região as cidades de Triunfo, São José de Piranhas, São João do Rio do Peixe e Uiraúna apresentaram os menores índices, 36%, 39%, 40%, 40%, respectivamente.
Os melhores índices ficaram com as cidades de Cachoeira dos Índios (44%), Santa Helena (42%), Cajazeiras (42%) e Bonito de Santa Fé (41%). No entanto, todos os municípios estão muito abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).