Cemitério de Manaus volta a usar sistema de enterros em covas individuais — Foto: Carolina Diniz/G1
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Com a queda no número de enterros diários, o cemitério Nossa Senhora Aparecida, em Manaus, suspendeu o sistema de enterros em vala comum e retomou, nesta quarta-feira (17), os sepultamentos em covas individuais. O sistema de valas comuns, chamado pela prefeitura de “trincheira”, era realizado desde o dia 21 de abril, quando o aumento da demanda saltou de uma média de 30 enterros diários, para mais de 100 por dia.

Em abril, a capital chegou a bater um recorde de 140 enterros em 24 horas. Neste domingo (14), a cidade teve 24 sepultamentos – o menor índice de enterros em um único dia durante a pandemia do novo coronavírus. A capital chegou a registrar mortes 108% acima da média histórica e sofreu um colapso funerário por conta dos casos de Covid-19, com enterro de caixões empilhados e em valas comuns.

O Amazonas tem, até a última atualização desta terça-feira (16), mais de 58 mil casos de Covid-19, com mais de 2,5 mil mortes. Manaus concentra 23.612 desses casos, com pouco mais de 1,6 mil óbitos.

Com a alta demanda, frigoríficos foram instalados no cemitério N.S Aparecida, para armazenar os corpos que chegavam. Além de enterros noturnos, o empilhamento de caixões também chegou a ser colocado em prática, mas a revolta dos familiares fez com que a medida fosse revogada.

Para a dona de casa Odiléia de Souza Diogo, que enterrou o tio de 73 anos nesta manhã, a volta do enterro individual é um acalento. “A gente pode ver, visitar, pode mandar arrumar. Nos nossos lares não pudemos ajeitar velório, até mesmo onde estão enterrados”, lamentou.

Ao G1, ela contou que durante a pandemia já enterrou outros três familiares – um deles com coronavírus. Para ela, o sistema de trincheiras era dolorido. “Eu senti a dor de muitas famílias, não só por enfermidade normal, mas pela Covid-19”.

Enterros antes e durante pandemia

Em janeiro, fevereiro e março, a média diária de sepultamentos nos cemitérios públicos de Manaus foi de 29, 27 e 28, respectivamente. Em abril, com a explosão de mortes por Covid-19, essa média chegou a ser superior a 100. No mês de maio, a média diminuiu para 61 enterros.

Para o secretário da Semulsp, Paulo Farias, o método de sepultamentos em trincheira foi fundamental, uma vez que a demanda “sobrecarregou o trabalho dos coveiros durante a pandemia, tínhamos que tomar medidas efetivas. Porém, a redução da média de sepultamentos diários nos permitiu a dispensar esses equipamentos pesados e voltar ao método tradicional”.

“Mas pedimos que as pessoas mantenham todas as recomendações de prevenção para que não tenhamos uma nova onda de casos”, ressaltou.

Nesta terça-feira (16), do total de sepultamentos e cremações no sistema público, oito foram de óbitos em domicílio e seis famílias utilizaram o serviço SOS Funeral, gerenciado pela Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc). Entre as causas de morte, oito pessoas tiveram no atestado a confirmação para Covid-19, outras quatro foram registradas como causa desconhecida ou indeterminada e quatro morreram por insuficiência respiratória e ainda uma por parada cardiorrespiratória.

Prefeitura ‘desacelera’ trabalhos e vê redução de casos

No início desta semana, a Prefeitura de Manaus deu os primeiros sinais de “relaxamento” nos protocolos durante a pandemia. Isso porque os órgãos enxergam uma queda no número de casos e um alívio nos sistemas de saúde e, agora, funerário. A primeira medida foi anunciar o fechamento, após dois meses, do hospital de campanha municipal de Manaus.

Inaugurado às pressas em 13 de abril, o hospital curou mais de 570 pacientes e aguarda a alta de pouco mais de 30 internados em quadros estáveis para encerrar os trabalhos.

A unidade foi um dos suportes ao colapso no sistema público de saúde, que chegou a operar com quase 100% de taxa de ocupação. Neste domingo (14), a taxa de ocupação era de 66%. No dia 28 de maio, o estado teve recorde de 2.638 novos casos da Covid-19 em um único dia.

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