Corpo de Bombeiros ensaia no Aeroporto de Patos para o batismo de aeronave (Foto: Madiel Conserva)
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Na tarde deste domingo, 29/08, o youtuber Aldrin Pietro de Azevedo Sampaio, divulgou um novo vídeo no Canal Aeródromos BR, no YouTube, explicando a relação entre o Número de Classificação de Pavimento – em inglês Pavement Classification Number (PCN) – das pistas de pouso e decolagem com o Número de Classificação do Avião – em inglês Aircraft Classification Number (ACN) -, comparando alguns aeroportos da Paraíba (João Pessoa, Campina Grande, Patos, Sousa e Cajazeiras).

Aldrin tem graduação em Administração pela Universidade Federal de Pernambuco (1998) e especialização em Administração de Projetos Empresariais e Governamentais pela Faculdade Frassineti do Recife (2004). É mestre em Engenharia Civil na Área de Transportes e Gestão das Infraestruturas Urbanas da Universidade Federal de Pernambuco (2019). Tem experiência na área de Administração, e em Regulação e Fiscalização na área de Transportes (Aviação Civil). Saiba mais acessando a Plataforma Lattes.

Segundo o especialista, o PCN não tem relação exclusiva com o Peso Máximo de Decolagem (PMD) das aeronaves, mas com relação direta com o ACN da aeronave, o qual é calculado da mesma forma que o PCN. “Este ACN é determinado pelo fabricante da aeronave e varia de acordo com o peso e a configuração, levando em consideração o tipo de trem de pouso, a pressão dos pneus e outros fatores especificamente da aeronave, bem como o tipo de pavimento e a resistência do subleito”, disse.

Ele enfatizou que tecnicamente ACN é o número que expressa o efeito relativo de uma aeronave com uma determinada carga sobre o pavimento e o PCN é o número que indica a resistência de um pavimento para operações sem restrição de uma aeronave.

Aldrin explicou que o Airbus A320 da empresa Itapemirim Linhas Aéreas pode ser usado nos aeroportos de Campina Grande e João Pessoa, mas não nos aeroportos de Patos, Sousa e Cajazeiras.

A análise foi realizada apenas com relação a resistência do pavimento, desconsiderando itens relacionados à performance da aeronave, que iria envolver comprimento da pista, presença de obstáculos, temperatura, altitude da pista, capacidade de carga e outros itens. Ele esmiunçou a codificação do PCN: “Sempre quando consultamos o ROTAER, aparece o PCN da pista. No caso de Patos, o PCN é 6/F/C/Y/U. E o que isto quer dizer? O 6 é o número do PCN. Deve ser um número inteiro, sendo arredondado a fração para o número inteiro mais próximo. O local onde está o F serve para indicar o tipo do pavimento. Neste caso, só são permitidos dois tipos: o pavimento flexível, indicado com um F, e o pavimento rígido, que é expresso pela letra R. O pavimento flexível é o que comumente chamamos de asfalto e o pavimento rígido é o que chamamos de concreto. A terceira informação, que onde consta o C, faz referência a resistência do subleito, informando se ela é alta, representado pela letra A; média, representada pela letra B; baixa, representada pela letra C; e ultrabaixa, representada pela letra D. Subleito é o terreno de fundação preparado para receber o pavimento”.

O próximo item destacado pelo especialista se refere a pressão dos pneus da aeronaves. “No caso de um pavimento rígido, deverá sempre constar a letra W; no caso de um pavimento flexível, pode ser classificada como ilimitada, com a letra W; a letra X, quando for alta; Y, no caso da pressão dos pneus for média; e Z, com a pressão baixa dos pneus da aeronave”, disse.

Por último, ele explicou que aparece o método de determinação do PCN. “Nesse caso, existem duas formas para determinar o PCN: uma delas é o método de avaliação técnica, representado pela letra T, e o segundo método é o método experimental, representado pela letra U e apoiando na observação da utilização da pista. Então voltando para o Aeroporto de Patos, o 6 não quer dizer seis toneladas, é o número de PCN após a realização dos cálculos”, acrescentou.

Aldrin esclareceu ainda como deve ser utilizada essa informação para a tomada de decisão de uma empresa ou de um piloto para saber se pode ou não operar no aeroporto. “Existe uma instrução suplementar da ANAC, que é a IS 153.103-001, Revisão A, onde em seu apêndice A, consta uma tabela onde estão relacionados os vários modelos de aeronaves com os seus respectivos ACNs. Basicamente, é identificar o modelo da aeronave e comparar o seu ACN com o PCN da pista”, continuou.

Com a tabela apresentada pelo especialista, foi mostrado o ACN do Airbus A320 e a operação analisada da forma mais branda possível, operando com a menor carga especificada na tabela (66.400 kg) e a pressão dos pneus (1,23 MPa), considerada uma pressão média. “Considerando que o Aeroporto de Patos possui o pavimento flexível e uma baixa resistência do subleito, precisaria de um PCN de no mínimo 39”, enfatizou.

Se a mesma operação for avaliada em João Pessoa, encontra-se o PCN 52/F/B/X/T na Publicação Auxiliar de Rotas Aéreas (ROTAER). “De posse dessa informação, quando avaliamos a tabela de ACN, observa-se que o maior PCN exigido para operação de um A320 em várias condições em pavimento flexível é de 43 com resistência média do subleito, logo o A320 pode operar sem restrições pelo menos quanto a resistência do pavimento no Aeroporto de João Pessoa”.

Com o PCN de 50/F/A/X/T, o Aeroporto de Campina Grande suporta o maior ACN exposto para os A320s dispostos em todas as situações em pavimento flexível tal qual o Aeroporto de João Pessoa.

O Aeroporto de Cajazeiras, com PCN 26/F/B/X/T, daria para operar apenas o modelo de A320, que possui o trem de pouso traseiro com dois eixos e que não é o caso das aeronaves operadas pela Itapemirim. “Então há restrições para pouso desse modelo de aeronave em Cajazeiras, uma vez que seria necessário um PCN de 34 para realizar a operação do A320-200 da Itapemirim”.

O Aeroporto de Sousa tem o PCN 13/F/A/Y/U, isso significa que o pavimento é flexível e tem uma alta resistência no subleito. “Neste caso, ele possui uma alta resistência de subleito, seria necessário um PCN 34, fato que impossibilita a operação, já que o PCN da pista é 13”.

Já a aeronave ATR-72, operada pela Azul, pode realiza voos dos aeroportos de João Pessoa, Campina Grande, Sousa e Cajazeiras, com exceção de Patos. “Para que ele opere no Aeroporto de Patos, na condição atual, ou com a resistência média do subleito, necessitaria de um PCN 14. Melhorando a resistência do subleito para alta, seria necessário um PCN de 13. Mas tenho que deixar claro uma coisa: não tenho a menor dúvida que se houver qualquer necessidade de pouso emergencial, estes aeródromos com PCN abaixo do ACN da aeronave serão utilizados se os pilotos decidirem que é mais inseguro permanecer voando para chegar em outro aeroporto do que realizar um pouso em um desses aeroportos”. A avaliação feita por Aldrin é exclusiva do PCN.

Ele recomenda iniciar logo o reforço do pavimento do aeroporto da Capital do Sertão. “Patos é um município muito importante pra região e para o estado”, finalizou.

O governador João Azevêdo anunciou investimentos de cerca de R$ 36 milhões na construção do novo aeroporto de Patos. Segundo o deputado federal Hugo Motta, a previsão é que a obra seja iniciada até o fim deste ano.

Veja vídeo:

Folha Patoense – folhapatoense@gmail.com 

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