Marcos do Val (Podemos-ES) disse que vai pedir renúncia do mandato de senador Imagem: Waldemir Barreto/Agência Senado
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O senador Marcos do Val (Podemos-ES) voltou atrás em sua acusação de suposta tentativa de coação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para que o parlamentar aderisse a um plano golpista supostamente elaborado pelo ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ).

O plano, relatado pelo próprio Marcos do Val, envolvia uma gravação clandestina do ministro do STF Alexandre de Moraes. Segundo o senador, a proposta era de que ele gravasse Moraes com uma escuta durante uma reunião presencial. Pela manhã, Do Val também tentou minimizar a participação de Bolsonaro no episódio.

A jornalistas, Do Val não apresentou provas sobre a reunião, que teria acontecido em 8 de dezembro na Granja do Torto, mas disse ter prints de conversas por aplicativo de mensagem com Silveira e uma gravação não apresentada na coletiva.

Do Val disse que a fala sobre coação envolvendo Bolsonaro foi em um “momento de raiva”. Ele estaria nervoso por ter sido acusado pelo MBL (Movimento Brasil Livre) de ter votado no senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na eleição para a presidência do Senado, quando seu apoio declarado era para Rogério Marinho (PL-RN).

“Eu estava em um momento de muita raiva porque trabalhei desde 5h da manhã tentando trabalhar para ver se a gente conseguia eleger o Marinho e era quase meia-noite. Ai foi aquele desabafo que você quando nervoso, qualquer discussão depois você se arrepende do que fala”, disse.

Ele não chegou a falar nada do tipo ‘senador, pensa’, não falou nada disso, por isso, que quando fala em coagiu, não confere. (…) Mas ele [Bolsonaro] não impediu o Daniel [de falar o plano].Marcos do Val (Podemos-ES)

Na madrugada, o senador fez uma transmissão nas redes sociais relatando a suposta coação de Bolsonaro.

“Eu ficava p*** quando me chamavam de bolsonarista. […] E vocês esperem. Na sexta-feira, vai sair na [revista] Veja a tentativa de Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto com ele. Só para vocês terem uma ideia. E é lógico que eu denunciei”, disse o senador na transmissão na madrugada

Senador atribui plano golpista a Silveira. Durante a conversa com jornalistas, Do Val fez questão de dizer por diversas vezes que a iniciativa do plano era de Silveira. “O presidente estava numa situação semelhante a minha, escutando uma ideia esdrúxula do Daniel Silveira”, disse o parlamentar.

“O que ficou muito claro pra mim foi o Daniel toda hora tentando achar uma forma de não ser preso de novo”, disse. “Ele tava o tempo todo tentando manipular e fazendo o presidente comprar a ideia dele”.

Questionado se Bolsonaro estava correto em, na posição de presidente da República, participar de uma reunião sobre um plano para gravar um ministro do Supremo, Do Val respondeu: “Isso cabe a ele [Bolsonaro] não a mim. Eu fiz meu papel de não prevaricar e comuniquei o ministro”.

Plano golpista pretendia anular eleição de Lula, afirma senador. Do Val disse que a proposta de gravação era parte de um plano para envolvê-lo em um golpe contra a eleição de Lula (PT), que partiu do ex-presidente e de Silveira.

O suposto plano foi relatado por Do Val em uma transmissão nas redes sociais durante a madrugada de hoje. Na manhã de hoje, Do Val disse que Silveira não especificou o que seria essa equipe para legalizar a escuta. Segundo o senador, para esse tipo de gravação, seria necessária a autorização de um juiz.

Outro lado

O advogado Jean Garcia, que defende Daniel Silveira, classificou o relato de Do Val de “especulação”.

“Sobre as declarações do senador Marcos do Val (Podemos-ES), enquanto ele não apresentar provas concretas, fatos comprovados, se trata apenas de especulação. Nós não comentamos especulações”, afirmou o defensor.

Jair Bolsonaro viajou no final do ano passado para Orlando, nos EUA, e não foi localizado pela reportagem para comentar a revelação de Do Val.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente, afirmou hoje durante sessão parlamentar que a denúncia que o colega fez não configura “nenhuma espécie de crime”.

“Ele [do Val] já havia me relatado o que tinha acontecido, que seria trazido a público, mas numa linha de que essa reunião que aconteceu seria uma tentativa de um parlamentar de demover pessoas que estavam nessa reunião de fazer algo inaceitável, absurdo e ilegal”, disse ele no Plenário do Senado.

UOL

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