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Fraternidade e Fome, tema da Campanha da Fraternidade 2023, cujo lema é “Dá-lhes vós mesmos de comer “, foi o assunto discutido na Audiência Pública realizada nessa quarta-feira (23) na Câmara Municipal de Patos.

Requerida pelo vereador sindicalista Zé Gonçalves (PT), após solicitação encaminhada pela Diocese de Patos, através do bispo Dom Eraldo, a questão da insegurança alimentar aflige um percentual preocupante da população brasileira, que soma cerca de 33 milhões de pessoas.

Agentes sociais que trabalham para amenizar o problema da fome no nosso município participaram das discussões e falaram sobre as experiências vividas no dia a dia e analisaram o quanto a falta do alimento é grave se for analisada em conjunto com o que a acarreta.

“A fome é estrutural, porque se analisarmos a produção de grãos do país e dividirmos com a população, cada brasileiro terá, no mínimo, um quilo de alimento por dia e no caso da carne, seriam dois quilos para cada brasileiro por dia”, ressaltou Zé Gonçalves.

Ele acredita que a fome é decorrência da concentração de terra e de recursos, que gera milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar e é importante refletirmos sobre essas questões não só na audiência pública, mas sempre.

O parlamentar mirim destacou o trabalho feito pela Diocese de Patos que mata a fome de quem não tem o que comer. Ele questionou sobre a falta de projeto político em Patos para combater a fome, cobrando pelo menos o pagamento das emendas impositivas destinadas às instituições que o fazem.

O padre José Elielton disse que essa é a terceira campanha que trata sobre a temática da fome e que uma das obrigações dos cristãos é a partilha, ou seja, não deixar que os irmãos passem fome.

“O objetivo da Igreja, ao lançar a reflexão sobre a fome é, antes de tudo, sensibilizar a sociedade para o problema que se impõe, pois de fato há um problema, há um flagelo, um drama que milhões de pessoas vivem e enfrentam dia após dia”, enfatizou o padre.

Monsenhor João Saturnino, relatou ações da Ação Social Diocesana, citando a parceria com o governo do Estado no projeto Prato Cheio que oferece 1.500 refeições diárias distribuídas na Casa da Misericórdia e nas comunidades das Placas, Cangote do Urubu e no Bivá Olinto. “Isso vem trazendo um pouco mais de alento às pessoas de rua e da periferia”, disse.

Ele também atribuiu a fome à concentração de renda e de terras, indagando a quantas famílias pertencem tanto os espaços rurais como os urbanos de nossa cidade. Monsenhor João nos convidou a refletir sobre as questões que promovem as desigualdades, como a falta de moradia, o desemprego, a política dominada por oligarquias que defendem o interesse não do povo, mas de quem já tem e quer aumentar o patrimônio e tudo isso gera, fome, desencantamento e humilhação.

“Como a gente defrontar com isso e colocar em prática uma discussão que gere oportunidades?”, questionou mencionando a organização como forma de luta para empoderar as pessoas para elas buscarem caminhos alternativos. Ele citou a 6ª Semana Social Brasileira e o Grito dos Excluídos como espaços para debater temáticas de oportunidades sustentáveis para a vida.

O representante da Ação Social Diocesana, José de Anchieta, relatou um histórico do trabalho da Cáritas Diocesana na distribuição de alimentos a quem tem fome, que começou na década de 50. Ele citou a célebre frase dita por Dom Hélder Câmara em sua luta para alimentar a quem não tinha o que comer: “Se der pão aos pobres, todos me chamam de santo. Se mostrar por que os pobres não têm pão, me chamam de comunista.“

Anchieta ressaltou que há um conjunto de coisas que envolvem a temática da fome, citando a falta de educação, desequilíbrio familiar e mais recentemente a epidemia das drogas.

A presidente do Conselho da Pessoa Idosa, Maria Joseny Medeiros falou sobre a situação de abandono vivido por muitos idosos que estão nas ruas e nos abrigos particulares da cidade e pediu que fosse discutida a criação de um abrigo municipal.

Participaram também da Audiência Pública a presidente do Conselho de Defesa da Mulher, Samara Oliveira; Geovane Lima, representante do projeto Ser de Luz; Tanuza Avelino, líder do movimento dos sem-teto do Serrote Liso e Zenilda Soares, líder dos sem-teto do Conjunto dos Sapateiros, entre outras lideranças.

Agora Patos

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