Uma audiência pública requerida pelo vereador sindicalista Zé Gonçalves (PCdoB) debateu nesta sexta-feira (9) na Câmara Municipal de Patos o problema da desertificação do semiárido no sertão e planos e estratégias de combate e convivência em tempos de mudanças climáticas.
De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, são cerca de 140 mil km² da caatinga suscetíveis à desertificação, abrangendo 1.561 municípios em 13 estados e afetando a vida de 38 milhões de pessoas.
O parlamentar mirim expressou sua preocupação com a situação específica que o município de Patos enfrenta com seus diversos problemas ambientais, destacando os casos dos mananciais, em especial os rios da Cruz, Farinha e o Espinharas que estão mortos e suas margens e leitos ocupados irregularmente.
O engenheiro florestal Felipe Silva, membro diretor da Associação dos Engenheiros Florestais da Paraíba, informou que estados e municípios devem apresentar um plano de combate à desertificação e mitigação das secas, cobrança que é feita pelo Tribunal de Contas do Estado, por determinação do Ministério do Meio Ambiente. “Se não agirmos daqui para frente, as consequências serão desastrosas”, alertou.
A professora do curso de Engenharia Florestal da UFCG, Carminha Learth, destacou a importância dessas discussões acontecerem numa Casa Legislativa e chamou a atenção da população para a importância das escolhas políticas. “É preciso que nós, enquanto povo, prestemos atenção em quem desses legisladores e gestores tem propostas e leva a sério a questão do meio ambiente”, enfatizou.
Aldrin Pérez, pesquisador do Instituto Nacional do Semiárido, que participa da elaboração do Segundo Plano de Combate à Desertificação do Semiárido (o primeiro foi elaborado na primeira gestão de Lula e da ministra Marina Silva), analisou as causas do problema da desertificação.
Ele levou em consideração, entre outros fatores, o da pressão internacional pela demanda de commodities que necessita de megaprojetos de mineração, de agronegócio e de energias alternativas. Esses megaprojetos demandam muita terra, desindustrializam o país e capturam altos investimentos públicos. “As populações não estão se beneficiando e está ficando só a degradação”, alertou.
Pérez fez uma apresentação em uma abordagem ilustrativa mostrando a desertificação, a mudança climática e a perda da biodiversidade, a relação entre elas e as alternativas que a própria caatinga está revelando.
Além de Patos, representantes de outros municípios do Sertão participaram das discussões, a exemplo de Itaporanga, Teixeira, São Mamede, Malta e Água Branca. Entidades representativas com trabalhos voltados à produção de alimentos e convivência com o semiárido também participaram, a exemplo dos acampados do MST na Embrapa , Diocese de Patos, Parque Nacional da Serra do Teixeira, Associação dos Catadores, IFPB e UFCG, entre outros.
Assessoria