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Abnegação é a palavra de ordem para definir a iniciativa de pessoas que convergem do Estado de Sergipe, 75 anos após a consolidação de um dos nossos maiores patrimônios artísticos, para rememorar uma aptidão eternizada por um dos maiores artistas sacros deste país, que assinava suas obras com J. Lima. Um homem que se tornaria conhecido no Brasil como o Pintor das Igrejas, incluindo a Catedral de Nossa Senhora da Guia.

José Pedro de Brito Filho, pesquisador da história do tio (o artista plástico em destaque), se incumbiu da coordenação deste trabalho, objetivando assinalá-lo, com maior intensidade, na ocasião do centenário de seu nascimento, observado em 2022, a partir do lançamento de um site. Buscando informações nas redes sociais, localizaria textos do idealizador da Garagem Cultural de Patos, com o qual intensificou o contato e colheu as informações relacionadas à estada de José Lima em sua cidade.

Nascia a possibilidade de um evento na Capital do Sertão da Paraíba, aquela a quem seria destinada a segunda exposição com telas referenciais, após a primeira edição realizada em Aracaju, capital da qual José Lima recebeu, em memória, o título de cidadania, próximo à cidade de Estância, onde repousam os seus restos mortais.

O quadro do leilão.

No dia 13 de setembro de 2024, Pedro e a prima Suzana chegaram a Patos com um acervo de telas e informações daquela figura trazida pelo padre Fernando, que, mesmo cumprindo sua missão terrena em 1987, permanece viva nos cenários religiosos produzidos com tamanho profissionalismo, para agregar valores à edição anual de número 236 do evento festivo mais tradicional da terceira maior cidade do Estado da Paraíba.

A exposição de José Lima, um dos pontos altos da programação, permaneceu no salão São Pedro, ao lado da igreja, durante os dias de festividades da Excelsa Padroeira e, por opção sugestiva do seu curador, uma tela, pintada em 1954 e retratando São Pio X, foi a leilão através do site especializado Relíquias da Nossa História, com toda a arrecadação voltada para a Paróquia de Nossa Senhora da Guia, conquistando a quantia de R$ 7.000,00 (sete mil reais), com valor integral depositado em favor da Mitra Diocesana, em 25/09/2024.

Se por um lado o arrematante da obra também reside em Aracaju, o que seria mais importante se alguém de Patos a mantivesse como um marco deste grande acontecimento, por outro, a Garagem Cultural de Patos também foi contemplada com uma tela integrada ao seu acervo afetivo, a qual já se encontra exposta para apreciação de todos os que se interessam pela história e seus grandes vultos. Nela consta a temática do trabalho de José Lima, inconfundível quanto à sua assinatura. Registro histórico dos ambientes sacros brasileiros, na espontaneidade artística aliada a uma impecabilidade técnica, representativa da composição sacra e dos elementos fundamentais da sua maior produção: as luzes, sombras, perspectivas, contextos, figuras e elementos típicos dos interiores e particulares das igrejas.

Outros quadros expostos durante a exposição realizada em Patos e apreciada por grande número de jovens, crianças, adultos, ativistas culturais e demais setores sociais: Sala do Capítulo da Igreja do Convento de Santo Antônio – Rio de Janeiro; José Pedro de Brito – Figuras Humanas; Sacerdotes Lavando Paramentos – Paisagens e Cotidiano; Capela da Ordem III de São Francisco – São Cristóvão – SE; Capela Dourada – Recife – PE; Cesto, Legumes e Verduras – Natureza Morta; Capela do Convento Santa Maria dos Anjos – Penedo – AL; Particular da Igreja do Espírito Santo – Recife – PE; Igreja São Francisco – Salvador – BA; Sacristia Igreja de São Francisco – Olinda – PE; Sacristia Igreja Nossa Senhora do Rosário – Penedo – AL; Entrada do Convento São Francisco – Salvador – BA; Capela do Convento de Nossa Senhora do Carmo – Salvador – BA. Vale destacar, ainda, a exposição de instrumentos e materiais utilizados pelo artista, como pincéis, moldes, recortes e desenhos vencedores de importantes concursos.

Enfim, a exposição de José Lima – o Pintor da Catedral – fez a cidade respirar cultura, acontecimento que ecoará como mais um presente de Deus por intermédio de um dos seus, justificando a gratidão de Patos pelos caminhos da fé de sua gente.

Damião Lucena

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