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2024 se despede. A retrospectiva – aquele expediente jornalístico que serve para rememorar os dramas e comédias do ano que passou – há de nos contar um mínimo do que se foi.  Baseando-se sempre, óbvio, no que a imprensa veiculou ou se esmerou em dar destaque, segundo seus particularíssimos filtros e lentes.

A vida é  bem maior do que nos conta os jornais, e a imensa parte dela jamais vira notícia de jornal. O que seduz a mídia é, por assim dizer, uma mínima parte, uma pontinha minúscula do iceberg.  A mídia explora os detalhes sórdidos, aqueles que digerimos numa conversa informal  ou, fraternalmente, tentamos evitar.

A dinâmica social é muito superior ao que capta os nossos sentidos hiper teleguiados da dinâmica moderna. Nossa pele exposta nos perrengues da vida capta mais dos processos da existência do que é capaz de dizer nos jornais. A imprensa pontua, em sua retrô, aquilo que foi episódico e o que potencialmente garante cenas de próximos capítulos. Aquilo, melhor dizendo, que foi digno de nota, anotação ou escândalo.

Nesse campo,  geralmente, as arenas mais propícias  à geração de próximas cenas são a política e a ciência & tecnologia. O resto, as redes sociais já se encarregam de propagar o escolho que vira notícia e é matéria propensa a descer esgoto abaixo.

Ambas – a C&T e a política – são nichos da atividade humana que podem inspirar estabilidade, serenidade e boas novas, num primeiro instante. Contrariamente, podem se travestir em façanhas que redundam desconfianças coletivas, caos social, sob bafejos dos anacronismos, reacionarismos e ideologias nefastas.

No campo da C & T o ano vai deixar as descobertas, para o bem ou para o mal, dos usos da inteligência artificial. A preocupação da Justiça Eleitoral durante o último pleito com a prática é sinalizador do hecatombe que elas podem causar. A “pessoa comum e a pessoa” rara precisa estar atenta a seus destinos. Mas não para por aí.

Hora pra outra foi possível ouvir poemas musicados por arranjo e voz da Artificial Inteligence, a IA. Eu, por exemplo, que não aprendi a harmonizar meus desafinados, me senti compositor. No ano que vem a peleja continua. Segue o bonde.

Por outro lado, o desenvolvimento automobilístico é quase coisa antiga. A expectativa é quanto ao aperfeiçoamento das máquinas da Tesla e Elon Musk nas rédeas do Departamento de Eficiência Governamental do Tio Sam. Trazendo inovações, por exemplo, na extinção do combate à mentira nas redes sociais.

Outra das promessas de continuidade polêmica para o próximo ano, com perspectivas de aprofundamento é “brain rot”. Essa foi a palavra do ano, saída diretamente das especulações dos analistas dos caminhos da relação Homem x Redes Sociais. A perspectiva de continuarmos emburrecendo, ou melhor dizendo, apodrecendo os neurônios é magnífica.

Reza a lenda que andam testando vacina contra o câncer e outra que garante o nascimento de dentes. Cenas dos próximas quadras desse poema infindo.

O mundo infelizmente continuará sob guerras e anacronismos. Cães raivosos por toda parte querendo reescrever a história. Putins, Netanyahus, Zelenkis, Mileis, Maduros e Bashar Óleo Salada ainda andarão por aí

No plano piloto nacional, aguarda-se a posse de novos dirigentes municipais e parlamentares mirins. Expectativas limitadas a a granel por toda a parte. Na arena dos cachorros grandes, o Congresso continuará em briga pelas emendas do orçamento secreto, herança de um zumbi escroto que ocupou a presidência dias atrás, o terrorismo da mídia e da Faria Lima quanto aos rumos da economia, a peleja pelo uso ou não dá câmera nos uniformes dos “civis, gentis, carinhosos e aficionados pela transparencia” agentes de nossas polícias.

O ano em que “Que show da Xuxa é esse?” virou meme, aconteceu um revival dos anos 80. Essa moda que nunca acaba – relembrar aureos tempos passados, com toques de nostalgia -, é sinal de que quem nasceu por lá, ou atravessou a era, chega a zona das rememórias: passou dos quarenta com louvor.

Por fim, por mais um ano, a maior enrolação do mundo foi a tal da internet pública. Se alguém conseguiu acessar a Internet em um evento, ponto de ônibus ou “geladinho” do transporte público  mande notícias. Nos vemos em 2025.

Por Edson de França

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