Famílias começaram a reconhecer os corpos das nove vítimas que morreram em uma confusão acontecida durante um baile funk na comunidade de Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo, na madrugada deste domingo (1º), depois de uma perseguição policial, segundo a Polícia Civil.
A primeira vítima a ser reconhecida é Marcos Paulo Oliveira dos Santos. Ele tinha 16 anos, era estudante e morava no Jaraguá, Zona Norte de São Paulo. De acordo com a família, foi a primeira vez que Marcos foi ao baile funk de Paraisópolis. A família não sabia que ele tinha ido ao baile. Ele disse para a avó que ia comer uma pizza com os amigos.
A família fez o reconhecimento do corpo na tarde deste domingo no Instituto Médico Legal (IML) Zona Sul.
Segundo o Corpo de Bombeiros, os mortos são:
Marcos Paulo Oliveira dos Santos, 16 anos
Bruno Gabriel dos Santos, 22 anos
Eduardo Silva, 21 anos
Denys Henrique Quirino da Silva, 16 anos
Mateus dos Santos Costa, 23 anos
Homem não identificado 1, aproximadamente 28 anos
Gustavo Cruz Xavier, 14 anos
Gabriel Rogério de Moraes, 20 anos
Luara Victoria de Oliveira, 18 anos
De acordo com a corporação, uma mulher sofreu lesão na perna e permanece internada. Outra vítima, que sofreu lesão no rosto, já recebeu alta.
O adolescente Dennys havia feito um post em uma rede social afirmando que estava no baile funk. “Hoje eu tô inspirado, vou mandar o magrão de esquina a esquina e dar um tapa na cabeça da sua vó, não quero saber de nada, meninas hj o pai vai tá online, vou surfar mais que o Medina.”
A confusão
Paraisópolis é a segunda maior comunidade da cidade, com 100 mil habitantes. De acordo com a polícia, agentes do 16º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM/M) realizavam a Operação Pancadão quando foram alvo de tiros disparados por dois homens em uma motocicleta.
A dupla teria fugido em direção ao baile funk ainda atirando, o que provocou tumulto entre os frequentadores do evento, que tinha cerca de 5 mil pessoas.
No entanto, a mãe de uma adolescente de 17 anos que estava no local e que foi agredida com uma garrafa disse que os policiais fizeram uma emboscada para as pessoas que estavam no baile.
A jovem ferida durante a confusão descreveu o momento em que foi atingida. “Eu não sei o que aconteceu, só vi correria, e várias viaturas fecharam a gente. Minha amiga caiu, e eu abaixei pra ajudá-la”, afirmou.
“Quando me levantei, um policial me deu uma garrafada na cabeça. Os policiais falaram que era para colocar a mão na cabeça.”
‘Apuração rigorosa’
O governador João Doria (PSDB) lamentou as mortes e pediu “apuração rigorosa” do episódio. O Ouvidor das Polícias, Benedito Mariano, afirmou que “a PM precisa mudar protocolo”.
A diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, afirmou em entrevista à Globo News que a polícia tem de prestar contas do que ocorreu “sem medo de assumir um erro caso tenha havido”.
A diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, afirmou em entrevista à Globo News que a polícia tem de prestar contas do que ocorreu “sem medo de assumir um erro caso tenha havido”.
Vídeos que circularam nas redes sociais mostraram a ação da PM em Paraisópolis na madrugada deste domingo. Veja o vídeo.
Dados de Paraisópolis
2ª maior favela de São Paulo e 5ª maior do Brasil
10 quilômetros quadrados de área
100 mil habitantes
21 mil domicílios
12 mil moradores analfabetos ou semianalfabetos
31% da população é composta por jovens de 15 a 29 anos, portanto mais vulneráveis à carência de emprego e oportunidades
42% das famílias têm mulheres como responsáveis
Renda média de 87% dos chefes de família é de até 3 salários mínimos
21% da população que tem emprego atua no comércio local
Aproximadamente 10 mil comércios locais
Grande crescimento nos últimos anos
Grandes empresas ingressando no mercado local
12 escolas públicas (estaduais e municipais), uma Escola Técnica Estadual (Etec), um Centro Educacional Unificado (CEU), três unidades básicas de saúde (UBS) e uma unidade de Assistência Médica Ambulatorial (AMA).
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